segunda-feira, 9 de março de 2009

Imensuravelmente Fenomenal

Restavam 3 coisas: A lembrança da incrível falha do arqueiro, Um fenômeno, e a Esperança, que não paga aluguel nos corações corinthianos.
No clássico contra o maior rival, uma partida sem brilho da equipe, quando qualquer outro torcedor estaria desacreditado, restava uma luz no peito do bando de loucos. Ronaldo tirou os pés do chão, como quem vivia um sonho, e - quase 400 dias depois - cabeceou para reencontrar um caminho que ele jamais haverá de esquecer. Quando o atacante pôs novamente as chuteiras no gramado, o estádio tremeu, o Brasil tremeu, o mundo tremeu, como se um Fenômeno ressurgisse para atemorizar o planeta bola. E ressurgiu. Ali, naquele instante, naquele gol, o craque vivia a realidade da enésima volta por cima.
Mais uma vez, desmentiu prognósticos, venceu as dúvidas, desafiou o improvável. Com ele, impossível rima com previsível.
A simbologia do número 9 voltou. Das 9 letras que escrevem a palavra esperança, companheira do centroavante na solidão da descrença, no suor da luta, na consagração do renascimento. Ronaldo correu pra abraçar a redenção. O alambrado não suportou e cedeu. Não aos quilos a mais do Fenômeno, mas ao peso de uma história de dor e superação singular, ao peso de uma nação de loucos apaixonados, ao peso de uma multidão que desabafou com euforia e emoção a confiança depositada no mito.
Ronaldo, que suportou por mais de um ano o peso do mundo sobre as costas, o peso das críticas desmedidas, das polêmicas nem sempre fundamentadas, da incredulidade quase geral. Ronaldo, que soube assimilar o peso do baque e perceber que o mundo ainda precisa de seu encanto. Ronaldo, que mais do que ninguém sabia que sua predestinação tem peso de ouro.
Ronaldo, que por muito levou levou alegria a um povo elitizado, agora traz diariamente emoções imensuravelmente fenomenais a um povo que preserva incontrolavelmente um sentimento de amor e euforia por um clube que não representa apenas o futebol, mas a honra e a garra do ser humano desafiado em seu cotidiano por um sistema bruto e ineficaz, onde a emoção é desprezada em função da razão mecânica.
Percebi que esse sentimento não vem apenas do coração, porque um dia ele pára, a alma permanece e é nela que se instala essa paixão corinthiana. Quiçá um dia as pessoas gostem tanto umas das outras como um corinthiano ama esse sentimento.
"Já vi o Corinthians vencer, já vi o Corinthians perder, mas eu nunca vi o Corinthians se entregar" "O grande problema de São Paulo é não se chamar Corinthians, assim o povo teria mais sentimento e menos frieza.”